quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Fantasmas de Gray Mountain

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Domingo, 21 de Setembro de 2014.


            Três garotos jogam bola na praça central da Candide Ronnie. Uma vila localizada dentro de uma propriedade privada a cerca de quinhentas milhas ao norte da capital do Congo, Brazzaville. Depois de trocarem alguns passes a bola acabou escapando do controle de um deles e desceu a rua principal indo em direção ao portão de entrada onde um homem armado com uma AK-47 fazia a guarda. Com o pé esquerdo o guarda dominou a bola evitando que continuasse a rolar e saísse dos perímetros da propriedade. Os garotos ainda desciam a rua em busca da bola quando os três quase que sincronizadamente pararam. Com uma expressão assustada os três trocavam a atenção de seus olhos entre o homem com a bola dominada sob o pé esquerdo e suas costas. Ao virar-se o guarda se deparou com cinco homens fardados parados próximos ao portão eletrônico. Um do lado do outro. Sem nenhuma expressão ou dizer alguma coisa os cinco estranhos permaneceram lá, parados.       
            ― No que posso ajudar? ― Perguntou o guarda se abaixando, pegando a bola do chão e jogando para o garoto que estava mais próximo.   
            Os cinco homens continuaram parados do outro lado do portão sem nenhuma reação. Suspeitando que alguma coisa estava errada, o guarda rodou a arma que estava em suas costas com a ajuda da alça e a puxou para frente de seu corpo tendo agora o fuzil em punho para poder usá-lo caso fosse necessário. Nesse momento o homem que nitidamente encabeçava aquele grupo aproximou-se e colocou suas mãos na grade do portão entrelaçando seus dedos na mesma. Com apenas um movimento ele arrancou o portão de sua base e o arremessou em direção da rua que dava acesso a vila. O guarda tentou usar a arma, porém foi rendido por outros dois homens que formavam o grupo. Um deles o dominou pelas costas e o outro virou sua cabeça para a esquerda deixando seu pescoço a mostra. Em apenas um segundo sua transformação ficou completa e, agora com caninos de um felino, os cravou na altura de sua jugular fazendo jorrar sangue direto em sua boca.          
            Os garotos, presenciando aquela cena, saíram correndo em direção à praça, mas não conseguiram chegar muito longe. Os outros membros do grupo os alcançaram e fizeram com o eles o mesmo que os outros dois vampiros tinham feito com o guarda.          
            Assim que terminaram de chupar até a última gota de sangue de cada um dos garotos, o grupo começou a seguir na direção do centro da vila. Nessa hora algumas pessoas começaram a aparecer ao redor da praça alarmados pelos gritos que vinham da direção do portão.  Seja qual fosse a idade ou o sexo das pessoas que iam surgindo o grupo os atacava. Um a um os moradores foram caindo com mordidas enormes na altura do pescoço. Alguns membros da vila tiveram a reação de correr para dentro de casa em busca de armas, facões e foices para tentar se defender, mas tudo foi em vão. As balas das armas ricocheteavam do corpo daquelas criaturas e tantos os facões quanto às foices não surgiram efeito naqueles monstros aparentemente indestrutíveis.  
            Depois de quase dez minutos de ataques, mortes e muito sangue, os vampiros já estavam satisfeitos. Todos eles tinham se alimentado o bastante para não sentir a necessidade de sangue humano por pelo menos um mês. Mas todo aquele terror não tinha sido apenas com o objetivo de saciar a sede daquelas criaturas. Eles tinham um objetivo a ser cumprido e até aquele momento ainda não tinham o alcançado.
            No coração do continente africano, durante décadas no último século, tribos travaram guerras sangrentas pela posse de terras. Terras essas rica em diamantes. E quando finalmente uma batalha chegava ao fim aconteciam três coisas: Todos os homens da tribo perdedora eram mortos, suas mulheres violentadas e seus filhos, principalmente os meninos, tinham suas mãos amputadas para que nunca pudessem empunhar uma arma e consequentemente ser uma ameaça no futuro.        
           Por mais que esses crimes já fossem chocantes demais para a época, aquele grupo tinha que chocar ainda mais. Esse era seu objetivo e de alguma maneira ou de outra eles tinham que fazer a opinião pública tanto local quanto mundial ver o que estava acontecendo em várias regiões do Congo. Foi então que um deles teve a ideia de prender todos os sobreviventes, na maioria mulheres e crianças, no salão de festas da vila e atear fogo em todo o prédio.         
            A estrutura já estava completamente tomada pelas chamas, mas mesmo assim se ouvia os gritos agonizantes das vítimas sendo queimadas vivas dentro daquele inferno.       
            Tendo certeza de que ninguém tinha sobrevivido, tanto ao ataque como a fornalha que tinha sido feita do salão de festas, o grupo foi embora sem deixar vestígios.
            Na saída um deles derrubou uma placa na entrada da vila que dizia:   
            Essa vila está localizada em uma área privada. Proibida a entrada sem autorização do responsável.           
            E logo abaixo o símbolo da empresa que era proprietária de toda aquela área três anos atrás:            
            Mineradora Montgomery Inc.


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